sexta-feira, 22 de julho de 2011

desenhoinfantil_CalvinoNão entendo como pessoas inteligentes e tão capazes, que abençoadas por Deus com o entendimento correto do Seu evangelho, podem se tornar tão amargas? Tudo bem que devemos crer firme e inegociavelmente nas Escrituras Sagradas, e disto absolutamente não abro mão, mas guspir maribondo quando alguém discorda, creio ser exagero! Honestamente falando não vejo motivo de corroer o opositor numa ácida verborragia.

Você que me lê deve pensar qual o motivo deste artigo?! Pois bem, estive pensando como pessoas que conhecem a graça que é imerecida, devido à nossa pecaminosidade; que é irresistível, devido à soberania divina; que é terna, devido ao amor eletivo de Deus; não entendo como estas pessoas que conhecem as Doutrinas da Graça, e vivem os benefícios do eterno decreto de Deus, em Cristo, conseguem viver um orgulhoso isolamento? Com facilidade agridem até mesmo os confrades. É uma incoerência absurda entre o sistema de pensamento e prática! B.B. Warfield esclarece que o
calvinista é o homem que vê Deus por trás de todo fenômeno, e, em tudo o que sucede, reconhece a mão de Deus operando a sua vontade; o calvinista, em todas as atividades de sua vida adota uma atitude permanente de oração; o calvinista se entrega completamente à graça de Deus e, exclui qualquer traço de autosuficiência em toda a obra da salvação.[1]

Sei que há adiáforas que nos separam. Certa feita pensei em escrever um artigo sobre os pontos de discordância entre os calvinistas. Mas, fui tomado por um discernimento mais agudo da minha motivação, que me levou a perceber a implicação antecipada do meu perverso intento. Percebi que estaria apenas contribuindo para aumentar as lacunas que existem, e de nada aproveitaria, senão para enfatizar aos adversários do Calvinismo que há pontos menores que nos dividem; e, também estaria fortalecendo animosidades desnecessárias. Se alguém me pedir pra, pelo menos, mencionar em esboço que pretendia escrever, responderei: arreda Satanás!

Não acredito que como calvinista preciso esmagar os meus adversários teológicos. John Newton, calvinista e escritor do famoso hino Amazing Grace, certa vez escreveu que
quanto ao seu oponente, eu desejo que, antes mesmo que você coloque a sua pena sobre o papel contra ele, e durante todo o tempo em que estiver preparando a sua resposta, possa você entregá-la, por meio de sincera oração, ao ensino e à benção do Senhor. Esta prática terá uma tendência direta de levar o seu coração e amá-lo, bem como de ter compaixão dele. Tal disposição terá uma boa influência sobre cada página que você escrever. [2]

Conheço alguns calvinistas que são amargos de doer. Talvez, seja realidade na experiência de alguns dentre nós [afinal também sou calvinista] o modo como Ralph W. Emerson jocosa, mas equivocadamente, descreveu: conheci um médico brincalhão que descobriu o credo no canal biliar e costumava afirmar que se houvesse uma doença no fígado, o homem havia se tornado um calvinista [3]. Não estou convencido em dizer que calvinistas amargos, sejam calvinistas no sentido completo do termo, ou que realmente ensinem coerentemente sobre a soberana graça de Deus, pois a sua postura evidencia que perderam um aspecto essencial da graça de Deus, ou seja, a ternura.[4]

Nota:
[1] B.B. Warfield, Calvin as a Theologian and Calvinism Today, p. 24.
[2] John Newton, "On Controversy" in: Works of John Newton, vol. 1, págs. 268-269.
[3] Alister McGrath, A vida de João Calvino , pág. 153.
[4] A amargura fecundada pela ofensa é uma disposição pecaminosa que constantemente tem assediado o meu coração. Somente o entendimento e a mortificação deste pecado, pela graça de Deus, leva a desfrutar duma percepção correta da graça de Deus e viv

segunda-feira, 18 de julho de 2011

a alegria no sofrimento

Alegria no Sofrimento

Publicado em 15 de julho de 2011 – 21:10
por Vincent Cheung
Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma. (Tiago 1.2-4)
Os seguidores de Jesus Cristo enfrentam muitas dificuldades neste mundo. Algumas delas são experiência comum de todos os homens; os cristãos, contudo, são um povo escolhido, salvo e iluminado por Deus, e por isso devemos interpretar nossas vidas à luz do evangelho. Os não cristãos sustentam uma filosofia que se opõe à justiça de Deus e ao caminho de Cristo. Negam as verdadeiras causas e soluções para os problemas da humanidade. Assim, independentemente das variações e revisões, todas as teorias não cristãs falham em chegar à verdade sobre a nossa situação. Em vez de tomar conselhos a partir das dificuldades e dores de cabeça, eles se tornam amargos e endurecem seus corações contra a mensagem da salvação. E, em vez de capitular sob o calor da ira de Deus, juntam-se para lhe resistir. Mas a rebelião aumenta seus problemas e causa estragos em suas almas.Jesus Cristo nos salva da amargura e da rebelião, e transforma nossas perspectivas e atitudes. De fato, ele nos apresenta a única perspectiva verdadeira e as únicas atitudes adequadas. Ele nos faz homens e mulheres superiores. Aqueles que ainda estão obstruídos pela incredulidade e por más tradições hesitam dizer isso acerca dos seguidores de Cristo, mas se você se recusa a dizer que agora é superior ao seu antigo eu, significa que também alega que o evangelho é impotente e que as reivindicações que ele faz sobre o poder de Cristo são fraudulentas. Mas se você admite que agora é superior, isto também deve significar que você se tornou superior aos não cristãos, já que eles não se beneficiaram da sabedoria e do poder de Deus. A lógica é inescapável, mas de praxe os teólogos não falam dessa maneira, pois a maioria continua escrava da falsa humildade e dos clichês religiosos. Somos superiores porque Jesus Cristo é superior, e ele nos fez superiores nele por sua graça. É um dom de Deus ao seu povo.
Os não cristãos estão fora de contato com a realidade. Sua visão do mundo é pura fantasia, segundo a qual são pessoas boas e úteis, homens e mulheres podem livrar a si mesmos da perversidade e da destruição e Deus não os punirá com fogo do inferno. Jesus Cristo nos mostra a verdade e a realidade. Revela-nos que Deus é justo e soberano, que a humanidade transgrediu o padrão divino e caiu em pecado, e que Cristo veio para nos salvar da ira que está para vir e que já agora está operando no mundo. Jesus nos mostra que, embora tenhamos um futuro glorioso nele, que embora o caminho dos justos brilhe cada vez mais, este mundo segue caído e corrompido, que ainda não somos aperfeiçoados e que o crescimento nas virtudes de Cristo envolve dificuldades duradouras nesta vida.
Em si mesmas, as dificuldades não são agradáveis nem encorajadoras, mas Jesus Cristo nos capacita a enfrentá-las com alegria porque compreendemos que, quando as abordamos à luz do evangelho, elas exercitam nossa paciência e aumentam nossa resistência. Para isso significar alguma coisa, devemos entesourar as virtudes de Cristo mais que os confortos deste mundo. Devemos ter em mente as coisas de Deus mais que as coisas dos homens, e devemos ter um apetite semelhante ao dos anjos em vez do das feras.
Aqueles que foram regenerados pelo Espírito de Deus receberam a sabedoria para enfrentar a vida com essa perspectiva. Queremos ser como Jesus Cristo, que persistiu não apenas em meio às dificuldades gerais de viver neste mundo, como também à incredulidade, calúnia, toda sorte de abuso e mesmo à morte, podendo assim honrar seu Pai e salvar seu povo, isto é, os crentes de todas as gerações. Se seguirmos seu exemplo, nosso sofrimento no Senhor não será em vão.
Contudo, isso não significa que não fazemos nada para resistir. Algumas tradições religiosas querem nos fazer crer que a paciência e a resistência se traduzem em capitulação, que deveríamos permitir que os problemas nos atropelassem, como se isso por si só glorificasse a Deus e como se fosse a maneira adequada de se render à soberania de Deus. Isso é uma mentira de Satanás para nos convencer a abraçar a derrota, e fazê-lo sem luta. Deus nos deu recursos para superar muitos dos nossos problemas; de fato, é frequente a sua ordem de resistirmos com os métodos que ele ensina e fornece.
Visto que chegamos ao conhecimento da fé cristã, não importa o que enfrentamos na vida, devemos sempre lembrar que em Jesus Cristo já escapamos do pior tipo de problema — isto é, da ira de Deus em ação na alma, da escuridão intelectual de uma mente incrédula e da depravação moral de um pecador que vive sem o poder do evangelho. Ao contrário dos não cristãos, que estão sendo devorados pela morte a partir de seu interior, temos uma liberdade definitiva e crescente da morte. Estamos sendo educados na verdade pela palavra de Deus, e crescendo em coragem e autocontrole pelo poder do Espírito Santo.