AIVAMENTO SEGUNDO AS ESCRITURAS
Qual o padrão bíblico de avivamento? Os avivamentos bíblicos
oferecem alguma coordenada para a renovação da igreja evangélica
no Brasil de hoje?
Estas são algumas das perguntas que procuraremos
responder no decorrer desse estudo.
I - O significado bíblico do termo "Avivamento":
1.1. No Antigo Testamento:
O verbo hebraico hyh (avivar) tem o significado primário de "preservar" ou "manter
vivo". Porém, "avivar" não significa somente
preservar ou manter vivo, mas também purificar, corrigir e livrar
do mal. Esta é uma conseqüência natural em toda vez que
Deus aviva. Na história de cada avivamento, dentro ou fora da Bíblia,
lemos que Deus purifica, livra do mal e do pecado, tira a escória
e as coisas que estavam impedindo o progresso da causa (1).
O verbo "avivar", em suas várias formas (2), é usado
mais de 250 vezes no Antigo Testamento, das quais 55 vezes estão
num grau chamado piel. Um verbo nas formas do Piel expressa uma ação
ativa intensiva no hebraico. Neste sentido, o avivamento é sempre
indicado como uma obra ativa e intensiva de Deus. Alguns exemplos de sua
ocorrência são as clássicas orações de
Davi, como esta: "Porventura, não tornarás a vivificar-nos
(3), para que em ti se regozije o teu povo?" (Sl 85.6) (4), e da clássica
oração do profeta Habacuque: "Tenho ouvido, ó Senhor,
as tuas declarações, e me sinto alarmado; aviva a tua obra, ó Senhor,
no decorrer dos anos, e, no decurso dos anos, faze-a conhecida; na tua
ira, lembra-te da misericórdia" (Hc 3.2).
1.2. No Novo Testamento:
Encontramos no Novo Testamento grego um conjunto de palavras que expressam
o conceito básico de avivamento. São elas: 'egeíro,
'anastáso, 'anázoe e 'anakaínoo. Outras palavras
gregas comparam o avivamento ao reacender de uma chama que se apaga aos
poucos (cf. 'anazopyréo em 2 Tm 1.6) ou uma planta que lança
novos brotos e "floresce novamente" (cf. 'anaphállo
em Fp 4.10).
No Novo Testamento grego as palavras supracitadas
aparecem, no contexto de avivamento, apenas sete vezes, embora a idéia básica de
avivamento seja sugerida com mais freqüência. Uma possível
explicação para o uso escasso dos termos, em comparação
ao Antigo Testamento, é que o Novo cobre apenas uma geração,
durante a qual a Igreja Cristã desfrutou, na maior parte do tempo,
um grau incomum de vida espiritual.
II - O que não é avivamento bíblico:
Antes de falarmos sobre avivamento bíblico, propriamente dito,
acreditamos ser de grande ajuda uma abordagem, mesmo que rápida,
do que não é o padrão bíblico de avivamento.
O Rev. Hernandes Dias Lopes, em seu livro AVIVAMENTO
URGENTE, apresenta sete interessantes razões sobre o que não deve ser entendido
como avivamento de verdade. Sou devedor ao dileto colega por suas pertinentes
observações. Transcrevo-as quase que na íntegra.
2.1. Avivamento não é um
programa agendado pela igreja.
Avivamento não é ação da igreja, mas de Deus.
Avivamento é obra soberana e livre do Espírito Santo. A igreja
não promove e nem faz avivamento. A igreja não é agente
de avivamento. A igreja não agenda e nem programa avivamento. A
igreja só pode buscar o avivamento e preparar o caminho da sua chegada.
A igreja não produz o vento do Espírito, ela só pode
içar suas velas em direção a esse vento.
A soberania de Deus, no entanto, não anula a responsabilidade humana.
O avivamento jamais virá se a igreja não preparar o caminho
do Senhor (5). O avivamento jamais acontecerá se a igreja não
se humilhar. Sem oração da igreja, as chuvas torrenciais
de Deus não descerão. Sem busca não há encontro.
Sem obediência a Deus, jamais haverá derramamento do Espírito.
Contudo, quem determina o quando e o como do avivamento é Deus.
Ele é soberano. David Brainerd orou vários anos pelo avivamento
entre os índios peles vermelhas no século XVIII. Aquele jovem,
ajoelhado na neve, suava de molhar a camisa, em agonia de alma, em oração
fervente, em favor daqueles pobres índios. Quando o seu coração
parecia desalentado e já não havia prenúncios de chuva
da parte de Deus, o Espírito foi poderosamente derramado e os corações
se dobraram a Cristo aos milhares.
2.2. Avivamento não é mudança doutrinária.
Cometem ledo engano aqueles que querem descartar a teologia e desprezar
a doutrina na busca do avivamento. Desprezar a doutrina é dinamitar
os alicerces da vida cristã. Desprezar a doutrina é querer
levantar um edifício sem lançar o fundamento. Desprezar
a doutrina é querer por um corpo de pé e em movimento sem
a estrutura óssea.
Não há vida piedosa sem doutrina. A doutrina é a
base da ética. A teologia é mãe da ética. "Assim
como o homem crê no seu coração, assim ele é" (Pv
23.7).
Vida sem doutrina gera misticismo e experiencialismo
subjetivista. Avivamento sem doutrina é fogo de palha, é movimento emocionalista, é experiencialismo
personalista e antropocentrista. Deus tem compromisso com a verdade e a
sua Palavra é a verdade e todo avivamento precisa estar fundamentado
na Palavra. O avivamento precisa estar norteado pelas Escrituras e não
por sonhos e visões. Precisa estar dentro das balizas da Bíblia
e não dentro dos muros de revelações subjetivistas,
muitas vezes feitas na carne.
2.3. Avivamento não é mudança litúrgica.
Muitos crentes confundem avivamento com forma de culto, com liturgia animada,
com coreografia e instrumental aparatoso.
Louvor não é encenação. Não é mimetismo.
Não é ritualismo. Não é emocionalismo. Não é apenas
seguir formas pré-estabelecidas, como bater palmas, dizer aleluia,
amém e levantar as mãos. Louvor não é pululância,
gingos e dança (6). Louvor que apenas levanta as mãos para
o alto, mas não as estende para o necessitado não agrada
a Deus. A Bíblia ordena levantar mãos santas ao Senhor, num
gesto de rendição e entrega (I Tm 2.8). Louvor em que a pessoa
apenas saltita e pula, mas não vive em santidade, é ofensa
a Deus. Louvor que apenas verbaliza coisas bonitas para Deus, mas não
leva Deus a sério na vida é fogo estranho diante do Senhor.
Louvor que não produz mudança de vida, quebrantamento, obediência
e não leva as pessoas a confiarem em Deus, não é louvor, é barulho
aos ouvidos de Deus. Assim diz o Senhor: "Afasta de mim o estrépito
dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas
liras" (Am 5.23).
Hoje estamos vivendo a época dos shows evangélicos, dos
show-men, dos animadores de programas religiosos, do "rock evangélico",
das músicas badaladas por um ritmo sensual.
Mais do que nunca é preciso tocar a trombeta em Sião e condenar
a idéia de que precisamos imitar o mundo para atrair o mundo. A
música do mundo tem entrado nas igrejas, para vergonha nossa e para
derrota nossa. O louvor que agrada a Deus precisa ser em espírito
e em verdade. O louvor precisa ser bíblico, senão é fogo
estranho. Davi, no Salmo 40, versículo 3, fala-nos sobre as balizas
do louvor que agrada a Deus: "E me pôs nos lábios um
novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão
estas coisa, temerão e confiarão no Senhor". Primeiro,
vemos a origem deste cântico: "E me pôs nos lábios".
Este louvor vem de Deus e não do homem. Segundo, vemos a natureza
deste cântico: "E me pôs nos lábios um novo cântico".
Não é um novo de edição, mas novo de natureza. É um
cântico que expressa a marca da sua nova vida, liberta do tremendal
de lama (v2). Terceiro, vemos o objetivo deste cântico: "...
Um hino de louvor ao nosso Deus". Este cântico não é para
entreter ou agradar o gosto e preferência das pessoas. Este cântico
vem de Deus e volta para Deus. Deus é o seu alfa e o seu ômega.
Quarto, vemos o resultado deste cântico: "Muitos verão
estas coisas, temerão e confiarão no Senhor". O louvor
bíblico leva as pessoas a temerem a Deus, a confiarem em Deus. O
verdadeiro louvor leva as pessoas a se voltarem para Deus.
O louvor não é um espaço da liturgia. Louvor é a
totalidade da vida. "Bendirei ao Senhor em todo o tempo, o seu louvor
estará sempre nos meus lábios" (Sl 34.1).
À luz destas coisas, é preciso dizer que avivamento não é mudança
litúrgica, é mudança de vida. Avivamento não é histeria
carnal, é choro pelo pecado. Deus não procura adoração.
Ele procura adoradores.
Todavia, é preciso dizer que, embora o avivamento não seja
mudança de liturgia, todo avivamento mexe com a liturgia. O avivamento
desinstala a liturgia ritualista, cerimonialista, formalista, fria e morta
e põe em seu lugar uma liturgia viva, alegre, ungida, onde há liberdade
do Espírito, sem abandonar a ordem e a decência. Em épocas
de avivamento, a liturgia é desingessada e o povo com alegria e
liberdade do Espírito adora a Deus, em espírito e em verdade,
sem regras rígidas pré-estabelecidas. Cada culto é um
acontecimento singular, novo, onde há abertura para o que Deus deseja
falar e fazer com o seu povo.
Hoje existem muitos cultos solenes, aparatosos,
pomposos, mas estão
mortos. Disse J. I. Packer no seu livro "Na Dinâmica do Espírito": "Não
há nada mais solene do que um cadáver. Há cultos solenes
que estão mortos". Embora o avivamento não seja mudança
litúrgica, todo avivamento muda a liturgia, tornando-a bíblica,
alegre, ungida, dirigida pelo Espírito de Deus. Devemos clamar como
os puritanos: "Queremos liturgia pura".
2.4. Avivamento não é uma ênfase carismática
unilateral.
Muitas pessoas hoje estão limitando o avivamento a milagres, curas
e exorcismos, sem observarem a abrangência global da doutrina pneumatológica.
Este é um sério perigo. Toda vez que super-enfatizamos uma
verdade em detrimento de outra, nós produzimos deformações
e distorções nesta verdade.
Deus pode e faz maravilhas, curas e prodígios extraordinários
quando Ele quer. Ele é soberano. Ninguém pode deter a sua
mão. Ninguém pode ser o conselheiro de Deus. Ninguém
pode instruir a Deus e dizer o que Ele pode e o que Ele não pode
fazer. Ninguém pode obstaculá-lo nem ensinar-lhe qualquer
coisa. Ele faz tudo quanto Ele quer, como quer, onde quer, quando quer,
com quem quer. "Ele faz todas as coisas conforme o conselho da sua
vontade" (Ef 1.11). Ele não obedece à agenda dos homens.
Ele não se deixa pressionar. Ele é livre.
Entretanto, esta não é a ênfase do avivamento. A igreja
hoje está correndo mais atrás de sinais do que atrás
de santidade. A igreja hoje empolga-se mais com milagres do que com vida
cheia do Espírito. A igreja hoje anseia mais as bênçãos
de Deus do que o Deus das bênçãos. A igreja hoje busca
mais uma vida antropocêntrica do que teocêntrica.
Avivamento não é efervescência carismática.
Uma igreja pode ter todos os dons sem ser uma igreja avivada. Avivamento
não é conhecido pelos dons do Espírito, mas pelo fruto
do Espírito.
A igreja de Corinto possuía todos os dons, todavia, era uma igreja
imatura e bebê espiritualmente. Naquela igreja profundamente carismática,
havia divisões, cismas, brigas, partidos, contendas, imoralidade
e irmãos levando outros irmãos aos tribunais mundanos. Havia
falta de compreensão acerca do casamento e da liberdade cristã.
Naquela igreja a ceia do Senhor estava sendo incompreendida, os dons estavam
sendo usados erradamente, a ressurreição dos crentes estava
sendo negada, e a cooperação financeira com os pobres negligenciada.
É verdade que, em épocas de avivamento, os dons são
buscados e exercidos para a glória de Deus e a edificação
da igreja, mas a ênfase carismática não é sinônimo
de avivamento.
2.5. Avivamento não é modismo.
Muitos crentes, por desconhecimento, se posicionam contra o avivamento
porque acham que ele é a mais nova onda da igreja. Acham que avivamento é uma
coqueluche moderna e uma inovação sem nenhum respaldo bíblico
e histórico.
Certamente, aqueles que assim pensam não estudam com critério
a Bíblia nem a história da igreja. Os pontos culminantes
da igreja aconteceram em épocas de avivamento. Desde o Antigo Testamento
que esta é uma verdade incontestável. É só olhar
para os grandes despertamentos na época de Ezequias, de Josias e
de Neemias. É só ver o grande avivamento em Jerusalém,
em Samaria, em Antioquia da Síria e em Éfeso. É só ver
o que Deus fez na Reforma do Século XVI, na Inglaterra, no século
XVIII e em outros grandes avivamentos da história. Certamente, avivamento
não é uma onda, não é um modismo. Ele possui
firmes lastros históricos. Ele é nossa herança e nosso
legado e deve continuar sendo nossa aspiração e nossa busca
constante.
2.6. Avivamento não é uma visão
dicotomizada da vida.
Muitas pessoas, quando começam a buscar avivamento, saem da realidade
e enclausuram-se nos castelos inexpugnáveis de uma espiritualidade
isolada e monástica. Tornam-se tão "espirituais" que
já não sabem mais conviver com a vida, isolam-se, fazendo
da vida uma caverna de fuga. Querem sair do mundo em vez de serem guardados
do mal. Dividem a vida entre sagrado e profano, corpo e alma, matéria
e espírito. Acham que Deus está interessado apenas nas coisas
espirituais. Acham que Deus só olha para a vida de trabalho na igreja,
sem observar os negócios, a família, o trabalho, os estudos
e a vida do dia-a-dia com o mesmo interesse.
Esta não é a visão bíblica nem a visão
do verdadeiro avivamento. Tudo em nossa vida é vazado pelo sagrado.
Toda a nossa vida é cúltica. Todo o nosso viver é litúrgico.
O grande avivalista John Wesley lutou pelas causas sociais na Inglaterra
ao mesmo tempo que pregou sobre avivamento. Finney pregou ardorosamente
contra a escravidão nos EUA no século passado ao mesmo tempo
que foi o maior avivalista do seu país. João Calvino atacou
com veemência os juros extorsivos em Genebra. O avivamento sempre
traz profundas mudanças políticas, econômicas, sociais
e morais. O avivamento não leva a igreja à fuga, mas ao enfrentamento.
2.7. Avivamento não é campanha de evangelização.
Não podemos confundir avivamento com campanhas evangelísticas.
Avivamento é para a igreja, pessoas que já têm vida;
evangelização é para o mundo, pessoas que estão
mortas em delitos e pecados. Avivamento é para crentes nascidos
de novo; evangelização é para pecadores inconversos.
Na evangelização, a igreja trabalha para Deus; no avivamento,
Deus trabalha para a igreja. Na evangelização, a igreja vai
aos pecadores; no avivamento, os pecadores correm para a igreja. Na evangelização,
os pregadores apelam aos pecadores; no avivamento, os pecadores apelam
aos pregadores.
III - O Padrão Bíblico de Avivamento:
Podemos definir o avivamento bíblico
em dois sentidos distintos:
3.1. O sentido estrito de avivamento.
Estritamente falando, avivamento é algo que acontece unicamente
no meio do povo de Deus. O Espírito Santo renova, reaviva e desperta
a igreja sonolenta. É revitalização onde já existe
vida. Ou, como disse Robert Coleman, é "o retorno de algo à sua
verdadeira natureza e propósito" (7).
Comentando um pouco mais sobre o sentido estrito de avivamento, diz o
Dr. Martin Lloyd-Jones:
É uma experiência na vida da Igreja quando o Espírito
Santo realiza uma obra incomum. Ele a realiza, primeiramente, entre os
membros da Igreja: é um reviver dos crentes. Não se pode
reviver algo que nunca teve vida; assim, por definição, o
avivamento é primeiramente uma vivificação, um revigoramento,
um despertamento de membros de igreja que se acham letárgicos, dormentes,
quase moribundos (8).
Quando há esse impacto da obra do Espírito de Deus na vida
da igreja, os resultados imediatos do avivamento são sentidos no
povo de Deus: senso inequívoco da presença de Deus; oração
fervorosa e louvor sincero; convicção de pecado na vida das
pessoas; desejo profundo de santidade de vida e aumento perceptível
no desejo de pregação do evangelho. Em outras palavras, a
igreja amortecida e tristemente doente é a primeira a ser beneficiada
pelo avivamento.
3.2. O sentido amplo de avivamento.
Como a própria expressão define, neste sentido não
apenas a igreja, mas a sociedade não-cristã também é beneficiada
pelo avivamento. Isto acontece porque, além da atuação
soberana do Espírito Santo no mundo, na igreja passa a existir uma
conscientização profunda de sua missão; isto é,
a missão integral de servir o mundo evangelística e socialmente.
No avivamento a igreja vive a missão para a qual foi chamada.
A sociedade não-cristã, por sua vez, volta-se para Deus
em resposta ao evangelho. Acertadamente o Dr. Héber de Campos comenta
que "o reavivamento começa na igreja e termina na comunidade
maior onde ela vive. Os efeitos do reavivamento são muito mais perceptíveis
nas mudanças morais que acontecem na região ou num país
onde ele acontece. Ele não se limita simplesmente aos membros das
igrejas atingidas pela obra de Deus. Ele causa impacto em toda a comunidade
onde a igreja de Deus está inserida" (9).
Em suma, as duas características principais do avivamento são
1) o extraordinário revigoramento da igreja de Cristo e 2) a conversão
de multidões que até o momento estiveram fora dela na indiferença
e no pecado.
3.3. Avivamento e a Bíblia.
Aqui também abordaremos dois aspectos essenciais do avivamento.
1) O padrão bíblico de avivamento é a Bíblia
Por mais simplória e pleonástica que esta declaração
pareça ser, ela é tão autêntica e singular como
dois e dois são quatro. Estamos falando do único padrão
inerrante e infalível de avivamento: a Bíblia.
Uma vez que a Bíblia é a nossa única regra de fé e
prática, é ela e somente ela que nos pode dar a direção
certa deste assunto. A relação entre a Bíblia e o
avivamento é tão intrínseca que é impossível
um avivamento de verdade sem que a Bíblia faça parte dele.
Além disso, numa época de tantos extremos como este em que
vivemos, é fundamental o equilíbrio que só a Bíblia
oferece. Sabemos que hoje existem desde aqueles que vêem toda e qualquer
manifestação entusiástica como avivamento, até àqueles
que negam a sua existência, ou quando muito acham que avivamento é a
mais nova onda do momento, uma coqueluche moderna, uma inovação
humana sem respaldo bíblico. É necessário, mais do
que nunca, recorrermos à lei e ao testemunho.
Permita-me ilustrar o que queremos dizer por "extremos". Edwin
Orr (10), uma das maiores autoridades sobre avivamentos, disse que viu
duas igrejas nos Estados Unidos convidando pessoas para suas reuniões
de avivamentos. Uma delas dizia: "Reavivamento aqui todas às
segundas-feiras à noite", enquanto que a outra prometia: "Reavivamento
aqui todas às noites, exceto às segundas-feiras". Orr
menciona este fato para relatar um desses extremos em que a palavra "avivamento" ou "reavivamento" é usada
aleatoriamente, como se o avivamento fosse produzido simplesmente pelo
desempenho humano com data e hora marcadas.
Voltando ao lugar da Bíblia no avivamento, é importante
salientar que ela foi, é e sempre será a espada do Espírito
Santo em todo avivamento bíblico. Não existe verdadeira espiritualidade
sem a Bíblia. Observando os avivamentos ocorridos na Bíblia
e na história da igreja, notamos que os objetos do Espírito
eram sempre persuadidos com e para a Bíblia. Avivamento onde a Bíblia
não está presente não passa de um mero pentecostalismo
convencional.
"Um reavivamento", diz o Dr. Héber de Campos, "que é produto
da obra do Espírito Santo na igreja, certamente tem sua ênfase
naquilo que tem sido esquecido por muito tempo: a Palavra de Deus. A autoridade
da Palavra de Deus passa ser algo extremamente forte num momento genuíno
de reavivamento. A Bíblia passa novamente a ser honrada como a única
Palavra inspirada de Deus" (11).
2) O padrão bíblico de avivamento está na Bíblia
Os primórdios do avivamento bíblico aparecem em Gênesis.
Segundo Coleman, o que se pode chamar de "o grande despertamento geral" ocorreu
nos dias de Sete, pouco depois do nascimento de seu filho Enos: "Então
se começou a invocar o nome do Senhor" (Gn 4.26) (12). O nome
Enos quer dizer fraco ou doente. O que é deveras significativo.
Considerando o assassinato de Abel (Gn 3.9-15) e o aparecimento cada vez
mais forte de doenças na raça humana, o nome Enos era bastante
adequado. "É provável que fosse um reflexo da consciência
da depravação humana e da necessidade da graça divina" (13). À parte
desta indicação não existe nenhum outro relato de
avivamento no princípio da história da raça humana.
O relato subseqüente do dilúvio ilustra de modo dramático
o que acontece com um povo que não se arrepende de seus pecados.
Depois temos os patriarcas que por vários séculos lideraram
o povo de Deus. Sempre que a vitalidade espiritual do povo se desvanecia,
eles agiam como a força que promovia novo vigor. O breve avivamento
na casa de Jacó é um bom exemplo disso (Gn 35.1-15). Mais
tarde, sob a liderança de Moisés, há períodos
empolgantes de refrigério, especialmente nos acontecimentos ligados à primeira
páscoa (Ex 12.21-28), na outorga da lei do Senhor no Sinai (Ex 19.1-25;
24.1-8; 32.1-35.29) e no levantamento da serpente de bronze no monte Hor
(Nm 21.4-9).
No tempo de Josué um despertamento espiritual predominou em suas
campanhas, como na travessia do rio Jordão (Js 3.1-5.12) e na conquista
de Ai (Js 7.1-8.35). Mas quando terminaram as guerras e o povo se assentou
para desfrutar os despojos da vitória, uma apatia espiritual se
apoderou da nação. Sabendo que seu povo estava dividido,
Josué reuniu as tribos de Israel, em Siquém, e exigiu que
cada um escolhesse, de uma vez por todas, a quem servir (Js 24.1-15). Um
verdadeiro avivamento segue-se a esse desafio, prosseguindo durante "todos
os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que ainda viveram
muito tempo depois de Josué, e sabiam toda a obra que o Senhor tinha
feito a Israel" (Js 24.31).
O período de trezentos anos de liderança dos juízes
mostra os israelitas, de quando em quando, traindo o Senhor e servindo
a outros deuses. O juízo de Deus é inevitável. Então,
após longos anos de opressão, o povo se arrepende e clama
ao Senhor (Jz 3.9,15; 4.3; 6.6,7; 10.10). Em cada ocasião Deus responde
as orações, enviando-lhes um libertador que liberta o povo
na vitória contra os inimigos. Um dos maiores movimentos avivalistas
aparece no final desse período, sob a direção de Samuel
(I Sm 7.1-17).
Tempos de renovação ocorreram periodicamente no período
dos reis. A marcha de Davi, entrando com a arca em Jerusalém, possui
muitos ingredientes de um avivamento (2 Sm 6.12-23). A dedicação
do templo, no início do reinado de Salomão, é outro
grande exemplo (I Rs 8). O avivamento também chega a Judá nos
dias de Asa (I Rs 15.9-15). E Josafá, outro rei de Judá,
lidera uma reforma (I Rs 22.41-50), bem como o sacerdote Joiada (2 Rs 11.4-12.16).
Outro poderoso despertamento é vivenciado na terra sob a liderança
do rei Ezequias (2 Rs 18.1-8). Por fim, a descoberta do livro da lei, durante
o reinado de Josias, dá início a um dos maiores avivamentos
registrados na Bíblia (2 Rs 22,23; 2 Cr 34,35).
Ainda, sob a liderança de Zorobabel e Jesua, outra vez começa
a reacender um novo avivamento (Ed 1.1-4.24). Tendo as intimidações
dos inimigos induzido os judeus a interromperem a reconstrução
do templo, os profetas Ageu e Zacarias entraram em cena para instigar o
povo a prosseguir (Ed 5.1-6.22; Ag 1.1-2.23; Zc 1.1-21; 8.1-23). Setenta
e cinco anos depois, com a chegada de outra expedição liderada
por Esdras, novas reformas são iniciadas em Jerusalém, dando-se
mais atenção à lei (Ed 7.1-10.44). O avivamento alcança
o auge poucos anos depois, quando Neemias se apresenta para completar a
construção dos muros de Jerusalém e estabelecer um
governo teocrático (Ne 1.1-13.31).
Uma oração por avivamento e a promessa de sua ocorrência
encontramos também em Joel 2.28-32; Habacuque 2.14-3.19 e Malaquias
4.
No apogeu de um grande avivamento Jesus aparece
e é batizado por
João Batista. Escolhe e treina seus discípulos; ascende aos
céus, deixando-os na expectativa de receberam a promessa do Espírito
(Lc 24.49-53; At 1.1-26). O poderoso derramamento do Espírito Santo,
no dia de Pentecostes, inaugura o avivamento que Jesus havia predito (At
2.1-47). "Marca-se, assim, o início de uma nova era na história
da redenção. Por três anos Jesus trabalhara na preparação
desse dia - o dia em que a Igreja, discipulada por intermédio de
seu exemplo, redimida por seu sangue, garantida por sua ressurreição,
sairia em seu nome a proclamar o Evangelho 'até os confins da terra'
(At 1.8)" (14).
O livro de Atos registra a dimensão desse avivamento. Avivamento
em Jerusalém, em Samaria, em Antioquia da Síria e em Éfeso.
E de lá para cá, são muitos os relatos da obra vivificadora
do Espírito Santo na história da igreja, como por exemplo,
na Alemanha com a Reforma Protestante do século XVI, na Inglaterra
no século XVIII, entre os negros Zulus da África do Sul na
década de 60 e na Coréia do Sul nestes últimos tempos,
dentre outros.
Que Deus derrame do seu Espírito sobre nós para que possamos,
como igreja e povo brasileiros, experimentar mais uma vez daquele "fogo
abrasador" que nos purifica e nos santifica para uma vida cristã de
obediência à sua Palavra
segunda-feira, 29 de abril de 2013
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Uma luz no crepúsculo – Martyn Lloyd-Jones (1899-1981)
Nada há tão
desesperador no mundo como a bancarrota da perspectiva não-cristã da vida.
Charles Darwin no fim da vida confessou que o resultado de haver concentrado
sua atenção em um único aspecto da vida foi que perdeu a capacidade de apreciar
a poesia e a música, e, em grande medida, perdeu até a capacidade de apreciar a
natureza. Pobre Darwin. . . O fim de H. G. Wells foi bem parecido. Ele, que
havia dado tanto valor à mente e ao entendimento humano, e que havia ridicularizado
o cristianismo com suas doutrinas do pecado e da salvação, no final da vida
confessou-se frustrado e confuso.
O próprio título de seu
último livro — Mind at the End of iís Tether (Mente Sem Mais Recursos) — dá
eloqüente testemunho em prol do ensino bíblico sobre a tragédia que caracteriza
o fim dos ímpios. Ou considere a frase da autobiografia de um racionalista como
o dr. Marret, que foi diretor de uma faculdade, em Oxford... «Para mim, porém,
a guerra pôs repentino fim ao longo verão de minha vida. Daí em diante, não
tenho mais nada para ver pela frente senão o frio outono e o inverno mais frio
ainda, e, contudo, devo esforçar-me de algum modo para não perder o ânimo».
A morte dos ímpios é
coisa terrível. Leia as biografias deles. Passam os seus dias de esplendor. Não
têm diante de si nenhuma expectativa bem-aventurada, e, à semelhança do que
ocorreu ao falecido Lord Simon, procuram alento revivendo seus idos sucessos e
triunfos.
No Livro de Provérbios
lemos que «o caminho dos perversos é como a escuridão». «Mas a vereda dos
justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia
perfeito» (Provérbios 4.19,18). Que glória! . . .ouça então ao apóstolo
"Paulo (2 Timóteo 4.6-8).
Uma das mais soberbas
apologias feitas por João Wesley, dos seus primeiros metodistas, era esta:
«Nossa gente morre bem» ... A Bíblia, em toda parte, nos exorta a que ponderemos
sobre o nosso «derradeiro fim» . . . Renda-se a Cristo e confie nEle e no Seu
poder. . . E o fim será glorioso.
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