quinta-feira, 4 de novembro de 2010


A Vida Cristã deve ser Ativa


Paulo diz: “Na diligência, não sejais remissos” – (Rm 12.11) – Este preceito nos é comunicado não só porque a vida cristã deve ser ativa, mas também porque é próprio que às vezes desconsideremos nossas próprias vantagens e dediquemos nossos labores em prol de nossos irmãos; e nem sempre em prol daqueles que são bons, mas também em prol daqueles que se nos revelam ingratos e indignos. Em resumo, visto que devemos esquecer de nós mesmos na execução de muitos de nossos deveres, jamais estaremos adequadamente preparados para a obediência a Cristo, a menos que instemos conosco mesmos, esforçando-nos diligentemente por desprender-nos de toda a nossa indolência.

Ao acrescentar “fervoroso de espírito”, ele nos mostra como devemos firmar-nos ao preceito anterior. Nossa carne, à semelhança dos asnos, é perenemente indolente, e por isso carecemos de ser esporeados. Não há outro corretivo mais eficaz para nossa indolência do que o fervor do espírito. Portanto, a diligência em fazer o bem requer aquele zelo que o Espírito de Deus acendeu um nossos corações. Por que, pois, diria alguém, Paulo nos exorta a cultivar este fervor? Eis minha resposta: embora este zelo seja um do divino, estes deveres são destinados aos crentes a fim de que destruam sua indiferença e fomentem aquela chama que Deus lhes acendeu. Pois geralmente sucede que, ou abafamos, ou mesmos extinguimos o Espírito em razão de nossas próprias mazelas.

O terceiro conselho, “servindo ao tempo”, tem a mesma referência. Visto que o curso de nossa vida é por demais breve, nossa chance de fazer o bem tão logo passa. Devemos, pois, ser mais solícitos na realização de nossos deveres. Assim, Paulo, em outra passagem, nos convida a “remir o tempo”, visto que os dias são maus (Ef 5.16). O significado pode ser também que devemos saber como administrar nosso tempo, porquanto há grande necessidade de assim fazermos. Não obstante, Paulo, creio eu, está contrastando seu preceito entre servir o tempo e (servir) o ócio. A tradução em muitos manuscritos antigos é (kvpíw) – Hesito em rejeitar esta tradução completamente, embora à primeira vista não pareça relacionar-se ao contexto. Contudo, se ela é aceitável, creio que Paulo desejava relacionar o culto divino com os deveres que desempenhamos em favor de nossos irmãos e tudo quanto serve para fortalecer o amor, a fim de transmitir maior encorajamento aos crentes.

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